UNIVERSIDADES SÉNIORES: ACONTECIMENTOS, TRABALHOS, ETC.

05
Mai 15

U3I.jpg

 

Estórias e Contos Tradicionais Portugueses

Conto: O Lobisomem

(recolha feita no Freixal)

 

O Ti Joaquim Simões era homem de trato fino, vestia jaqueta e calça de “surrobeco” e fora durante muitos anos responsável pelos trabalhos da quinta do Senhor Correia, uma das maiores da zona do Freixial, e era também um grande contador de histórias:

Esta ninguém ma contou, passou-se nas minhas barbas. Lá na quinta trabalhavam sempre muitos homens e mulheres. Vinham de todos os lugares, mas a maioria deles era Aldeia dos Gagos, de uma pequena povoação ali à volta do Freixal. Homens danados para trabalhar! Às vezes por um copo de vinho a mais ensopavam a roupa do corpo em suor, pareciam charruas a entrar com a enxada por aquela terra fora.

Um dia, depois do sol se pôr, altura em que terminavam o trabalho, o Augusto Carrapinho, um valente homenzarrão, forte e musculoso, disse-me:

     -Oh Ti Joaquim, eu hoje não vou à adega, tenho de ir picar o gajo.

     -Mas à noite não é altura para picar porcos, nem para encurralar touros.

     -Não, não se trata de nada disso! É cá uma outra coisa…

     -Vê lá, vê, põe-te mas é a pau, olha que isso não são coisas para brincadeiras.

     -Não se incomodem, eu não sou cagarola como vocês.

Eu estava um pouco espantado a ouvir aquele pessoal todo, e até um pouco admirado com a atitude do Carrapinho. Ele era sempre o primeiro a chegar à adega e o último a sair. E ir-se embora no meio daquela conversa toda, começou a fazer-me pieira na garganta:

     -Mas o que é que ele vai fazer? Nunca o vi assim tão acelerado.

     -Oh Ti Joaquim, é cá uma história que anda para aí!

     -História não, é verdade, ele é mesmo Blisomem!

     -Blisomem, essa agora!

     -É verdade é, Ti Joaquim. Trata-se ali do António das Carapoulas.

     -Aquilo é matemático, em faltando aí cinco para a meia noite, lá está ele a sair de casa, a espojar-se ali na encruzilhada e a transformar-se em gato, burro, cavalo, olhe, no último animal que por ali tiver passado.

     -Oh Manel, olha que essa é forte, parece-me que faz parte do livro de S. Cipriano!

     -Oh Mantoulas, não digas isso pá, olha que até os cabelos do corpo se me estão a arrepiar.

     -Eu com essas coisas não quero brincadeiras.

     -Não faça caso, Ti Joaquim, esse também tá farto de ver Blisomens!

Cada vez que apanha uma piela, vê-os ás dúzias.

     -Vocês são mesmo de partir o caco. Mas o que é que o diabo do Carapinha vai lá fazer?

     -Ele diz que é mentira, que isso não existe, e, para provar, vai lá estar à meia noite, esta semana toda.

     -Eu avisei-o, disse mais que uma vez para ele não ir. Eu já vi com os meus olhos, aquelo é da gente se arrepiar! Mas isso é lá com ele.

     -Amanhã já me vou meter com ele.

     -Se ele aparecer, ti Joaquim, se ele aparecer!

Parecia uma paródia, aquela conversa toda. Cada um dizia sua coisa.

De Blisomens eu sempre ouvi falar em toda a minha vida, mas o que ali se passava era diferente, e não deixava de ter a sua graça.

No outro dia, ao nascer do sol, o Carapinha não apareceu. E então aí a conversa ainda foi pior. Havia quem risse, quem desse gargalhadas, quem dissesse que ele tinha desaparecido, que tinha levado um encherto de porrada, eu sei lá, só faltou fazerem o funeral ao pobre homem.

A meio da manhã, já com o sol a cobrir todo o cabeço, lá aparece o Carapinha. Parecia que tinha sido desenterrado! O raça do homem até metia medo.

Todos se metiam com ele, mas não lhe arrancavam nem uma fala.

Triste, com os olhos no chão, largou a saca, despiu o colete, e entrou no seu lugar, na cava, ao lado dos outros.

   -Oh homem, diz alguma coisa, ou será que o Blisomem te tirou a fala?

     -Lá amarelo, vem ele.

     -E arrepiado, também! Olhem para o boné, parece espetado nos cabelos.

     Todos largavam a sua laracha. Queriam obriga-lo ma falar fosse a que preço fosse.

     Oh Carapinha, vê lá se não te sentes bem, vai-te deitar ali um pedaço, debaixo de um eucalipto.

     -Não, Ti Joaquim, isso já passa. É cá uma arrelia.

     -Mas que diabo é que te passou pela cabeça, para te ires lá meter com o Blisomem?

     Oh Ti Joaquim, por favor não me fale nisso. Pelo amordeus, não me fale nisso. Se soubesse o que se passou!

     Oh homem, conta lá, já agora também gostava de saber.

O pessoal parou todo, encostado ao cabo da enxada, olhar para o Carapinha.

     -Aí no lugar e arredores, andava tudo cheio que o António das Carapoulas era Blisomem. E ontem eu fui lá para a encruzilhada. E não sei como é que foi aquilo. Era meia noite e picos quando aparece ali um cavalo, ao pé de mim. Não me assustei nada, ele era bonito. Comecei a falar-lhe, tirei a minha cinta e, quando lhe passava com ela pelo pescoço, o raça do cavalo dá cá um esticão. Levou-me a cinta e quase pregava comigo no chão.

Os colegas, contrariamente ao que se havia passado até ali, calaram-se, viram a mágoa com que ele falava, as lágrimas quase a caírem-lhe dos olhos.

Durante muito tempo, não se falou noutra coisa.

Como sempre acontece, havia quem acreditasse e quem desmentisse. Mas, o pobre do Carapinha é que jurou nunca mais se meter noutra, e até quase proibiu de falarem nisso á sua frente.

Na festa da Senhora de Pranto, na maior romaria que se faz aqui nos arredores, o Carapinha foi integrado no Sírio da freguesia de Paio Mendes.

Um espectáculo bonito, muitos carros de mulas enfeitados com flores e carregados de pessoas, muitas pessoas, essencialmente da Irmandade e da banda.

Depois de acabar a missa, ao som da música e da alvorada dos foguetes, Carapinha encaminhava-se para o olival para ir comer o farnel com a família.

Quando descia as escadas de cantaria, deparou com o António das Carapoulas.

Nunca mais tinha olhado para ele mas, naquel dia, sem saber bem porquê, mirou-o debaixo a cima.

E qual é o seu espanto quando reconhece a sua cinta enrolada à cintura do Carapoulas.

Naquela altura não foi capaz de dizer nada.

Desceu a calçada e foi com a família para baixo de uma oliveira, junto ao Zêzere.

O comer enrolava-se na garganta. Não lhe saía aquela da cabeça!

Ainda a meio do farnel, levantou-se e disse à família que já vinha.

Foi ao encontro do António das Carapoulas.

     Encontrou-o no adro, junto à torre secular da igreja, a olhar para os barcos enfeitados que faziam procissão pelo rio.

Naquele momento, não havia Blisomem, nem meio Blisomem, era de homem para homem.

Aproximou-se dele, abriu-lhe as bordas do casaco:

     -Oh Ti António, onde é que você encontrou esta cinta? Olhe que ela é minha, tem aqui este sinal!

     -Onde é que tu a deixastes?

     -Não a deixei em lado nenhum. Aqui há tempos atei-a ao pescoço dum cavalo, e ele fugiu-me com ela.

     -pois é, sabes o que é isso? É a mania de te meteres com quem não deves. Toma lá a tua cinta e nunca mais te esqueças daquele ditado que diz “quem vai vai, quem está está!”

 

Ditos, Ditados e Provérbios Portugueses

 

Circo na lua

Água na rua

 

 

Sugestão de Culinária

 

Miolos

 

Apesar do nome, esta receita popular é confecionada com várias carnes de porco.

Cortam-se em pedaços os lombetes e os rins de porco, temperam-se com pimenta e vinho e alouram-se em banha de porco; com tudo bem misturado, junta-se um pouco de água ou, de preferência, caldo de carne.

Retira-se o tacho do lume, batem-se alguns ovos com os miolos – conforme a porção de miolos assim o número dos ovos -, misturam-se carne e vai ao lume a ferver; desfaz-se, então, miolo de pão de trigo e um pouco de pão de milho, envolve-se bem no preparado, torna a ferver e faz-se uma merenda num tacho de barro.

Por fim mistura-se um pouco de sumo de limão a cortar a gordura.

 

 

Poesia

 

Ao Rio Zêzere

 

 

Eu vi-te um dia, ó Zêzere

Serpenteando p’los montes

Bebendo água p’las fontes

Salpicadinhas de estevas.

 

Vi-te chorar nas cascatas

Passa-las com timidez;

Vi-te por mais que uma vez

Passar rochedos de gatas.

 

Vi-te ser canto e encanto

De rouxinóis e donzelas

E deixares em muitas delas

Um riozinho de pranto.

 

Vi-te pairar de mansinho

P’ra libertares o teu choro

E veres em lindo namora

Carquejas e rosmaninho.

 

Vi-te ser sonho, desejo

Filhinho de mãe brejeira

Dares o teu nome a Ferreira

E partires até ao Tejo.

 

 

                                                                                                       Sá Flores

 

Sugestão de Fim de Semana / O que visitar na minha Cidade?

 

FATIMA.jpg

 

DIA 30 DE ABRIL (QUINTA)

 

17h00   Receber a Imagem no Santuário de Fátima

18h00   Ponto de encontro na Capela de S. António (FZZ)

18h30   Passagem pelas capelas de Ferreira do Zêzere  (Carvalhais, Portinha, Pombeira)

20h00   Receção e acolhimento da Imagem Peregrina na igreja de Ferreira do Zêzere

20h30   Missa

21h30   Procissão de velas

 

DIA 1 DE MAIO (SEXTA)

 

07h30     Igreja Nova chega para buscar Imagem

         08h00      Passagem pelas capelas de Igreja Nova (Sobral, Mourolinho, passando

                         também por Regueiras e Castelaria)

         08h30     Receção e acolhimento na igreja de Igreja Nova

09h00     Missa

10h00     Catequese: A mensagem de Fátima para os dias de hoje (P. Alberto Sousa, sj)

11h00     Teatro infantil: A vida de Nossa Senhora

12h30     Águas Belas chega para buscar Imagem

13h00     Passagem pelas capelas de Águas Belas (Varela, Besteiras)

14h00      Receção e acolhimento na igreja de Águas  Belas

14h30      Terço

15h30      Catequese: Introdução ao Credo (P. Alberto Sousa, sj)

16h30      Teatro infantil: As Aparições de Fátima

17h30      Paio Mendes chega para buscar Imagem

18h00      Passagem pelas capelas de Paio Mendes (Ereira)

18h30      Receção e acolhimento na igreja de Paio Mendes

19h00      Catequese: Nossa Senhora do sim (P. Alberto Sousa, sj)

20h00      Tempo pessoal de oração

21h00      Procissão de velas

23h00      Regresso à paróquia de Ferreira do Zêzere

 

DIA 2 DE MAIO (SÁBADO)

 

07h30      Pias chega para buscar Imagem

08h00      Passagem pelas capelas de Pias (São Marcos, Pias)

08h30      Receção e acolhimento na igreja de Pias

09h00      Missa

10h00      Catequese: Alegria de Maria e como a partilha (P. Alberto Sousa, sj)

11h00      Crianças louvam Maria

11h30      Areias chega para buscar Imagem (junto à Casa Mortuária)

12h00      Passagem pelas capelas de Areias (Freixial, Gontijas, Portela de Vila Verde, Vila Verde, Matos, Milheiros, Avecasta, Pereiro, Telhadas)

14h00      Receção e acolhimento na igreja de Areias

14h30      Terço

15h30      Catequese: Quem és Tu, Jesus Cristo? (P. Alberto Sousa, sj)

16h30      Teatro infantil: Quero ser como tu, Maria

17h30     Chãos chega para buscar Imagem

         18h00      Passagem pelas capelas de Chãos (Jamprestes, Cumes, Almogadel,                  Quebradas, Ovelheiras, Chãos)

19h00      Receção e acolhimento na igreja de Chãos

         19h30      Catequese: O nosso compromisso com a Pessoa de Jesus Cristo (P. Alberto Sousa, sj)

21h00      Procissão de velas

22h00      Tempo pessoal de oração

23h00      Regresso à paróquia de Ferreira do Zêzere

 

DIA 3 DE MAIO (DOMINGO – DIA DA MÃE)

 

07h30      Bêco chega para buscar Imagem

08h00      Receção e acolhimento no ramal do Carril com procissão a pé até à igreja do Bêco

10h30      Missa

12h00      Saída da igreja do Bêco até ao ramal do Carril

13h00      Passagem pelas capelas de Dornes (Carril, Frazoeira)

14h00      Receção e acolhimento na igreja de Dornes

         14h30      Atuação do Coro Juvenil da Fundação Maria Dias Ferreira e do Coro Juvenil de Santa

                         Cecília (de Aveiro)

         16h00      Missa Campal - presidida por D. Serafim Ferreira e Silva, Bispo emérito da Diocese

                         de Leiria-Fátima, no Santuário de Nossa Senhora do Pranto

         18h30      Despedida e partida para o Sant. de Fátima

         20h00      Jantar partilhado

         21h15      Entrega solene da Imagem e oração do Terço na Capelinha das Aparições

         20h00      Tempo pessoal de oração

         21h00      Procissão de velas

         23h00      Regresso à paróquia de Ferreira do Zêzere

 

 

Foto da Semana

 

No dia 23 de abril, a nossa Universidade atuou no XVIII Festival de Grupos Musicais Seniores da RUTIS, que decorreu em Tábua.

13.jpg

 

13a.jpg

 

13b.jpg

 

publicado por IDADE MAIOR às 13:34

Maio 2015
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2

3
4
5
6
7
8
9

10
13
14
15
16

17
18
20
21
22
23

24
25
27
28
30

31


APOIO
LOGO PENELA
arquivos
mais sobre mim
ENTIDADE PROMOTORA
LOGO PT FUNDAÇÃO1
UNIVERSIDADE SÉNIOR DE PENELA
pesquisar
 
blogs SAPO