Estórias e Contos Tradicionais Portugueses
Areias
Suas Riquezas e Lendas
Areias é a maior Freguesia do Concelho de Ferreira do Zêzere.
Composta essencialmente por terra de lavradio, tem no queijo um dos seus maiores cartões de visita.
Dizem que do género não há igual pelo país. Trata-se de um queijo artesanal, de pequenas dimensões, feito essencialmente com leite de cabra, de ovelha e temperado com uns fiozinhos de cardo, que lhe dá o saborzinho especial.
Por se tratar de uma das maiores fontes de receita da Freguesia, toda a gente o faz, embora com fins diferentes: quem tem pouco gado fá-lo apenas para consumo próprio, o que não acontece com os possuidores dos rebanhos que pensam quase exclusivamente na venda.
E reveste-se de tal importância esse investimento que é ver as pessoas a forrarem cuidadosamente com panos de linho, esmeradamente brancos, as cestas onde levam o queijo para o mercado da Vila e para a feira mensal que se realiza no local mais central das Areias, e onde acorrem pessoas vindas praticamente de todo o país.
A Igreja Matriz é a sua maior atracção turística. Um momento do Século XVI, traça do arquitecto João de Castilho; a sua fachada, apesar de ter já sofrido várias remodelações, mantém intacta a pequena galilé formada por três arcos redondos apoiados em colunas jónicas, ornadas de capitéis enrolados em volutas vermiformes; no interior das suas três naves vive-se ambiência quinhentista através da sua emblemática, muito especialmente da abóbada da Capela Mor com a Cruz de Cristo, o Escudo das Quinas e outras.
O púlpito é uma das suas mais notáveis peças, sendo preenchido com cabeças aladas de anjo e anel de delicado lavor.
Na sua torre diz o povo que se encontra enterrado um alqueire e meio de libras, que serviu já de aventuras a muitos, ávidos de possuírem esse tesouro.
Outras relíquias a salientar em Areias são: a ermida de S. Tomé da Portela de Vila Verde, que possui uma bela escultura de madeira do século XIV representando S. Marcos, que segura ao peito um disco relicário vazio e tem a seus pés um formosíssimo leão.
A torre de D. Guião, mais conhecida pela Lendária Torre de Langalhão, ou de Ladrão Gaião, tratava-se de uma torre de três sobrados, da qual restam apenas duas paredes com outras tantas seteiras entaipadas. A este monumento está ligada, entre outras, a Lenda Popular que fala de um Gigante que colocava um pé na Torre e outro no Pereiro para apanhar as raparigas e servir-se delas nos seus aposentos na torre, e ainda a Lenda de S. Saturnino.
Diz essa Lenda que na serra que ostenta esse nome, andava um pastor com o seu rebanho, quando surge uma forte e densa chuvada que obrigou o pastor a recolher-se conjuntamente com o seu rebanho dentro da Capela situada no cume de Serra.
Depois de vários dias e noites de chuva ininterrupta, o pastor ajoelhou-se diante do altar do S. Saturnino e disse:
-Tenho o gado a morrer de fome, se parares a chuva dou-te o melhor borrego do meu rebanho.
E de um momento para o outro, após o pedido e a oração do pastor, o sol começou a raiar.
Ao ver as ovelhas a saírem da Capela e a deliciarem-se com a pastagem, o pastor agarra no melhor borrego, ata-lhe uma corda ao pescoço e vai junto da Santo e, colocando-se de pé diante dele, disse:
- Obrigado por teres parado a chuva. Conforme prometi, aqui tens o melhor borrego do meu rebanho, onde é que queres que o deixe?
-Ouviste, onde é que queres que o deixe? Ah, não falas, pois vou deixá-lo mesmo aqui, preso a uma das tuas pernas.
Depois de cumprida a promessa, e quando o pastor ia serra abaixo tocando o pífaro para dar asas ao seu contentamento, começou a ouvir berrar arás de si.
De princípio, e entregue como ia à sua melodia, não ligou, mas depois, e conforme o berrar se ia aproximando, o pastor voltou-se para trás, e ao ver o borrego a correr trazendo de rojo, atrás de si, preso pela corda o Santo, exclamou:
-O quê! Então há bocado não falaste, não disseste se querias ou não o borrego, e agora vens aí a correr atrás dele!
Ditos, Ditados e Provérbios Portugueses
Quem os meus filhos beija, a minha boca adoça.
Sugestão de Culinária
Peixe: Carpa ou Achigã grelhado
Depois de amanhar o peixe, de o lavar com água e vinagre para lhe retirar o sabor a lodo, tempera-se com sal, alho e bastante sumo de limão, e deixa-se ficar a tomar gosto.
Dá-se-lhe uns cortes, passa-se por azeite, e grelha-se.
Faz-se, então um molho com bastante cebola picada, alho, salsa, piri-piri, azeite e vinagre.
Bate-se tudo bem e deita-se por cima do peixe.
Serve-se com batata cozida e salada.
Poesia
Ao Rio Zêzere
Eu vi-te um dia, ó Zêzere
Serpenteando p’los montes
Bebendo água p’las fonte
Salpicadinhas de estevas.
Vi-te chorar nas cascatas
Passá-las com timidez;
Vi-te por mais que uma vez
Passar rochedos de gatas.
Vi-te ser canto e encanto
De rouxinóis e donzelas
E deixares em muitas delas
Um riozinho de pranto.
Vi-te pairar de mansinho
P’ra libertares o teu choro
E veres em lindo namoro
Carquejas e rosmaninho.
Vi-te ser sonho, desejo
Filhinho de mãe brejeira
Dares o teu nome a Ferreira
E partires até ao Tejo.
Sá Flores
Sugestões de Fim semana/ O que visitar na minha aldeia/vila/cidade?
1º Encontro de Poetas de Ferreira do Zêzere
Neste Dia Mundial da Poesia a Biblioteca Municipal Dr. António Baião de Ferreira do Zêzere vai comemorar a data com um encontro de poetas ferreirenses.
O Evento decorrerá na sala polivalente da Biblioteca.
Foto da semana
Alunos e Professores da Universidade Sénior foram ao Teatro Politeama em Lisboa, assistir ao espectáculo musical de Filipe la Feria “O Principezinho”.