Estórias e Contos Tradicionais Portugueses
Lenda dos Tripeiros
No ano de 1415, construíram-se nas margens do Douro as naus e os barcos que haveriam de levar os portugueses, nesse ano, à conquista de Ceuta e, mais tarde, à epopeia dos Descobrimentos. A razão deste empreendimento era secreta e nos estaleiros os boatos eram muitos e variados: uns diziam que as embarcações eram destinadas a transportar a Infanta D. Helena a Inglaterra, onde se casaria; outros diziam que era para levar El-Rei D. João I a Jerusalém para visitar o Santo Sepulcro. Mas havia ainda quem afirmasse a pés juntos que a armada se destinava a conduzir os Infantes D. Pedro e D. Henrique a Nápoles para ali se casarem...
Foi então que o Infante D. Henrique apareceu inesperadamente no Porto para ver o andamento dos trabalhos e, embora satisfeito com o esforço despendido, achou que se poderia fazer ainda mais. E o Infante confidenciou ao mestre Vaz, o fiel encarregado da construção, as verdadeiras e secretas razões que estavam na sua origem: a conquista de Ceuta. Pediu ao mestre e aos seus homens mais empenho e sacrifícios, ao que mestre Vaz lhe assegurou que fariam para o infante o mesmo que tinham feito cerca de trinta anos atrás aquando da guerra com Castela: dariam toda a carne da cidade e comeriam apenas as tripas. Este sacrifício tinha-lhes valido mesmo a alcunha de "tripeiros". Comovido, o infante D. Henrique disse-lhe então que esse nome de "tripeiros" era uma verdadeira honra para o povo do Porto. A História de Portugal registou mais este sacrifício invulgar dos heroicos "tripeiros" que contribuiu para que a grande frota do Infante D. Henrique, com sete galés e vinte naus, partisse a caminho da conquista de Ceuta.
Ditos, Ditados e Provérbios Portugueses
“Patrão fora, dia Santo na Loja”
Num dia santo, vulgo feriado, não se trabalha. O comércio fecha, para que se possa gozar o feriado junto da família e junto de todos os que forem mais queridos.
Também se pode entender por "dia santo na loja" como um dia de trabalho sem grandes arrelias, porque quando o patrão anda por perto para garantir que os trabalhadores fazem o seu trabalho como deve ser, puxa por eles para que consigam dar o seu melhor, exigindo e ralhando se for preciso.
Como o trabalhador não quer perder o emprego, tem de se sujeitar a estas condições e tem de aguentar todos os "sapos" mesmo se o patrão não tiver razão.
Mas, e se o patrão não estiver por perto, estiver fora do estabelecimento? Aí, o trabalhador pode trabalhar relaxado, pode até fazer asneiras durante o seu trabalho, porque o patrão não vai lá estar para o arreliar.
E assim nasce a expressão "patrão fora, dia santo na loja", usada sempre que uma pessoa quiser fazer o que lhe der na gana, sem ter de prestar satisfações a ninguém, sobretudo se esse ninguém estiver ausente, motivo pelo qual não vai saber o que realmente aconteceu.
Sugestão de Culinária
Tripas à Moda do Porto
Ingredientes:
1 kg de tripas de vitela (compreendendo livros ou folhos, favos e a touca)
1 mão de vitela
150 grs de chouriço de carne
150 grs de orelheira
150 grs de toucinho entremeado ou presunto
150 grs de salpicão
150 grs de carne da cabeça de porco
1 frango ou meia galinha
1 kg de feijão manteiga
2 cenouras
2 cebolas grandes
1 colher de sopa de banha
1 ramo de salsa
1 folha de louro
sal e pimenta
Preparação:
Lavam-se as tripas muito bem e esfregam-se com sal e limão. Cozem-se em água com sal. Limpa-se a mão de vitela e coze-se.
Noutro recipiente cozem-se as restantes carnes e o frango, que devem ser retiradas à medida que vão estando cozidas.
Coze-se o feijão, que já está demolhado, com as cenouras às rodelas e uma cebola aos gomos. Pica-se uma cebola e «estala-se» numa colher de banha.
Juntam-se todas as carnes cortadas em bocados (incluindo as tripas, frango, enchidos, etc.).
Deixa-se apurar um pouco e introduz-se o feijão.
Tempera-se com sal, pimenta preta moída na altura, o louro e a salsa e deixa-se apurar bem.
Retira-se a salsa e serve-se em terrina de porcelana ou de barro, polvilhado, segundo o gosto, com cominhos ou salsa picada e acompanhado com arroz branco seco.
Poesia
Sorrir
No esboçar dum sorriso
Há arte numa Mulher,
Mostra-o sempre que é preciso,
Esconde-o sempre que quer.
Há arte numa Mulher,
Expressiva em seu olhar,
É maior o seu querer
Que a força do próprio Mar.
Mostra-o sempre que é preciso
Sabe quem o não merece;
Ninguém lhe faça juízo
E nem sempre o que é parece…
Esconde-o sempre que quer
Saber esconder tem arte;
Grande alma tem a Mulher
Que é tão Nobre em qualquer parte.
Autor: Ferreira da Costa
Sugestão de Fim de Semana / O que visitar na minha Cidade?
Caminhada dos Sonhos
(Angariação de fundos para ajudar a comprar um coberto para a Escola Básica nº1 de Gondomar)
Foto da Semana
Vista sobre a Cidade do Porto